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"RABISCOS E SOMBRAS", exposição solo do designer Marcelo Stefanovicz                                                                       

ao longo de sua carreira, Marcelo Stefanovicz acumula um repertório de objetos, palavras e gestos que se tornaram sua principal materialidade para a expressão artística. Uma pesquisa desenvolvida em torno da ideia da impregnação, tanto estética quanto de sentimentos mais íntimos, como ansiedade e amor. São objetos banais como baquetas, serrotes e lâmpadas que revelam desejos profundos e provocam respostas emocionais ao se aglomerarem de maneira desordenada ou acompanharem frases diversas.

esse processo revela um olhar bastante convicto do potencial poético do cotidiano como linguagem autoral, operando justamente no espaço intuitivo entre o abstrato e o funcional - uma zona suscetível a tensões diversas na formação, ou não, de sentido. Mais do que uma associação, se trata na verdade da desconstrução da ideia do artista e do designer ao se repensar a “ordem" das coisas.

no caso dessa nova série “Rabiscos e Sombras" o caráter errático atinge uma outra dimensão: o desenho impreciso se torna objeto, sem ferramentas adjuntas. O ato de rabiscar espontaneamente sobre uma folha de papel se traduz para a terceira dimensão por barras de aço retorcidas que ampliam a escala e potência dos traços. A ideia desse gesto mecânico, sem intenção gráfica nítida, ganha expressividade, forma e, acima de tudo, volume.

forma-se um caos cumulativo de linhas que, para além da alusão direta, assume um caráter arquitetônico, com essas 24 esculturas se tornando receptáculos de luz e sombra através de um inventivo sistema de iluminação. Os rabiscos são ainda realçados pelas intensas cores que mais parecem retiradas de um jogo de canetas hidrográficas infantil, vibrando em contraste com as sombras sobre a superfície - uma dualidade que revela a própria natureza do desenvolvimento humano pelo desenho, passando da abstração infantil à objetividade da representação realista adulta.

é justamente neste ponto de aparente desordem que as intenções se escondem e o vocabulário gestual de Marcelo ganha força. Sua caligrafia, que costuma rasgar paredes, atravessar chapas de aço; inverter, borrar e tachar palavras; aqui dobra o metal em movimentos multi-direcionais. Um sentimento de inconformismo energizado pela sobreposição de muitas camadas materiais (e emocionais), como num processo de colagem que resgata princípios elementais às vanguardas modernas e nomes 'sui generis’, como Robert Rauschenberg e Cy Twombly.

lhe resta por fim abordar o próprio sentido elemental da rasura, recorrendo à ideia do ‘sous rature’ - um instrumento da filosofia criado pelo alemão Martin Heidegger que teoriza o mecanismo de riscarmos uma palavra durante a escrita, por erro ou edição, mantendo-a fisicamente e tornando-a necessária complementar ao pensamento construído. Seu apagamento é apenas parcial e demonstra como significados podem ser extraídos da própria noção do que se tem por aparente equívoco. Assim, sob a sombra do objeto o artista revela aquilo que parecia indecifrável no emaranhado de cores.

bruno simoes - curador

 

hangar Herança Cultural - Rua do Curtume, 274

de 05/10 até 04/11


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